Apesar de parecer uma música de tom relativamente alegre, ela descreve as dificuldades enfrentadas na vida real pela banda para se manterem tocando.

“Sendo roubado, ficando chapado, apanhando em brigas, tendo os ossos quebrados, sendo passado para trás, sendo furtado … é um longo caminho ao topo se você quer tocar rock’n’roll”

-Trecho de “It’s a long way to the top (if you wanna rock’n’roll)”

Ou seja, apesar dos pesares, eles estavam na estrada enfrentando e vivenciando os desafios da busca pelos seus sonhos e, em seu momento mais difícil após o falecimento de Bon Scott, todos pensaram em desistir – e nisso a família do próprio Bon Scott intercedeu encorajando-os a continuarem, afirmando que “isso seria o que ele gostaria que eles fizessem”.

Resiliência, foco, persistência, trabalho em equipe e empreendedorismo

Essa história exemplifica em muitos aspectos várias situações e qualidades que são parte da vida de quem empreende de baixo: de quem começa sem quase nada, cria algo novo, perde o chão, segue em frente buscando melhorar, realizar seus sonhos e cumprir com seu propósito – mesmo sem todos os recursos, ou acesso ou privilégios, segue na luta pela realização.

Para encontrar histórias como essa não é preciso ir muito longe: atravesse a rua e converse com qualquer micro e pequeno empresário brasileiro e você verá histórias tão – ou mais – marcantes que essa porém sem a redenção daquele “grande sucesso” ao longo da jornada – na grande maioria dos casos.

É nessa hora que todos nós nos perguntamos o porquê dessa ausência de sucesso: essa é uma das perguntas que nos trouxe à fundação da Boilesen em 2015 – mas essa é uma história para outro momento.

Momentos de Crise e Superação – ou melhor, dias de luta, dias de glória

Compartilhando um pouco da nossa experiência e lições aprendidas quanto à crises, a maior que passamos com certeza foi a de 2017.

Era uma linda tarde ensolarada de domingo. Eu estava tranquilo curtindo meu dia de descanso andando de skate na Praça da Paz na Unicamp quando recebi a ligação da minha irmã: “Venha para o Mário Gatti (hospital) pois papai teve um AVC”. Meio atordoado sem saber qual era o estado do meu pai, eu saí correndo para ir ao hospital. Chegando lá, encontrei minha mãe, meu tio e minha avó discutindo “o quão errado era o estilo de vida do meu pai”, também sem nenhuma informação sobre seu estado.

Até então, eu não sabia nem mesmo se ele estava vivo ainda – e eu já estava me preparando psicologicamente para o pior. Em coisa de meia hora fui liberado para entrar na UTI para dar um abraço no meu velho, onde o encontrei sedado mas de certa forma sorridente. Depois desse dia, meu velho passou 30 dias internado no hospital Ouro Verde de Campinas, enquanto eu enfrentei uma das épocas mais difíceis da minha vida.

Todos os contratos que tínhamos na época envolviam o trabalho do meu velho e, em decorrência deste AVC, todos – exceto um – foram cancelados. Eu fiquei até sem dinheiro para visitá-lo no hospital.

Sinceramente, esse foi o momento em que eu mais pensei em desistir. E foi quando nosso único cliente restante e alguns amigos pediram que eu continuasse nosso trabalho “por que todo mundo precisa do que a Boilesen faz e ninguém mais faz o que vocês fazem”. Foi esse incentivo que me manteve firme no caminho.

Continuei trabalhando sozinho como conseguia até que um grande amigo – e hoje colaborador, Nikolas Jonathan Makiya Vichi – se ofereceu para fazer estágio na Boilesen querendo ajudar. Começamos a trabalhar juntos, cozinhando juntos todos os dias o arroz e feijão de cada dia, tocando nosso planejamento, até que conseguimos superar o momento. Nós até participamos de um evento internacional como referência na área Financeira e Tecnológica (Fintech).

Recebi a ligação de convite para este evento enquanto estava visitando meu pai no hospital.

Quem diria, não?

With a little help from my friends

* Com a ajuda de meus amigos