Para quê(m) serve seu conhecimento?

Em 2014, eu me formei Cientista da Computação na Unicamp, depois de uma já longa carreira – na época, 12 anos – na área de TI e tendo empreendido – e falhado – na área de Marketing Digital. Naquele momento, eu me senti como eu acho que todo mundo se sente ao concluir a graduação: com aquele sentimento de “e agora, o que eu faço?”. E nesta reflexão, eu me peguei, mais uma vez, relembrando minha jornada e história em cada um de seus capítulos.

Partindo da origem da minha necessidade de trabalhar, desde os 12 anos, para me manter e ajudar minha família, eu notei que, durante todos os anos que dediquei até minha graduação – trabalhando -, a vida havia me proporcionado grandes aprendizados que iam muito além da técnica, através das pessoas e histórias que tive o privilégio em vivenciar.

Neste sentido, eu observei que meu sentimento e desejo por liberdade financeira transcendia a vontade em alcançar apenas minha própria satisfação ao ajudar grandes empresas e corporações a ganharem mais e mais dinheiro, chegando ao ponto de me fazer querer realizar, através de minha cultura e meus conhecimentos, uma mudança social real, prática e positiva na sociedade como um todo – quase que como uma forma de devolver, a todos que me apoiaram e me ajudaram, seu suporte, carinho e atenção.

Em boa parte, todas essas pessoas que participaram da minha vida e história, fizeram o seu melhor dado suas próprias vidas e contextos e, especialmente, destas pessoas as que menos tinham algo a oferecer geralmente foram as que mais estiveram dispostas a compartilhar.

Como exemplo, um de meus melhores amigos durante a graduação foi um dos vigias do Instituto de Computação: o Sobral. Sobral, que além de passar muitas horas me fazendo companhia e conversando comigo, ia também me acordar cedo pela manhã quando eu dormia no chão do laboratório, sabendo que eu precisava muito acordar cedo para estudar, e compartilhando comigo metade do seu café da manhã – e brigando comigo caso eu recusasse.

Certamente uma lembrança que até hoje me alegra e me motiva, além de me dar um grande nó na garganta.

Assim como o Sobral, fiz amizade com muitos trabalhadores e profissionais dentro da Unicamp durante todos esses anos, e me surpreendi muito com o fato de que muitos deles não sabiam nem que a Unicamp era uma universidade pública e gratuita – para você perceber o quão distante da realidade deles era o próprio lugar onde eles trabalhavam todos os dias.

Isso me consumiu. Na verdade, essa foi uma das gotas d’água da minha vida, ao saber avaliar o tamanho do investimento feito, em minha própria formação, pelo dinheiro de impostos cobrado destes mesmos trabalhadores que nunca teriam o privilégio do acesso que eu tive.

Neste contexto, meu sentimento de retorno, reciprocidade e de resolução, desta e outras situações que vivenciei durante toda a minha vida, culminaram na escrita de meu projeto de mestrado de “Aplicação de Metodologias Ágeis à Administração de Empresas”. Projeto que teve de ser mudado para ser aceito na Unicamp, mas foi aceito em sua íntegra no Instituto Real de Tecnologia da Suécia (KTH) no mestrado profissional em Empreendedorismo e Gestão de Inovação.

Para minha surpresa, frustração e decepção, mais uma vez, devido a minha condição financeira, não havia caminho possível para eu realizar este sonho de impactar a sociedade através de meus estudos e trabalho: e foi aí que a Boilesen, como ela é hoje, surgiu.

Assim, comemorando nosso aniversário de 5 anos, vou compartilhar nossa história a partir da minha visão aqui em nosso blog durante este mês – e também vou compartilhar outros e mais detalhes em minhas redes sociais. Por isso, acompanhe nossas postagens e siga nossas redes para conhecer um pouco mais do lado humano por trás de todo nosso trabalho.

Obrigado por sua leitura e nos vemos lá!